Nesse
Carnaval estávamos em busca de alguma praia mas sem confusão de trânsito para
chegar e grande lotação de pessoas. Ah, e sem também grandes necessidades de
planejamento, viagem de avião, enfim, algum lugar para “relaxar”.
Planejamento
Após alguma
pesquisa e conversa com amigos, decidimos ir para Ilha Comprida. Essa cidade
insular fica no extremo sul do Litoral Paulista e possui uma frente ao mar com 74
Km de comprimento. Por ficar no extremo sul, é possível chegar nela pela BR116,
sem a necessidade de passar pela cidade de São Paulo ou mesmo usar o caminho do
litoral Sul mais conhecido (Santos, Guarujá, etc...), ou seja, esperávamos um
trânsito “aceitável”.
Quanto ao
local de hospedagem, por ser carnaval, todos os lugares estavam trabalhando com
mesma faixa de preço, em torno de R$ 1000,00 para os 5 dias de carnaval. Porém
achamos um local com chalés mobiliados, com cozinha (sem café da manhã) que
estava bem mais em conta, R$ 650,00 pelos 5 dias (entrada na 6ª. Feira e saída
na 4ª. Feira). O nome do local é Villagio Riviera (http://villaggioriviera.com.br/).
Colocando o endereço do local no Google Maps notamos que ele ficava há apenas 3
Km do centro onde ocorreriam todo agito do Carnaval (o que seria ótimo, já que
é longe o bastante para não sofrer incômodo e perto o bastante para ir a pé se
quiséssemos). Além de ser frente ao mar (como quase tudo lá é).
E por fim,
a escolha de Ilha Comprida também se deve ao fato de encontrarmos muito
material na Internet indicando a Ilha como paraíso de observação dos pássaros,
entre os mais interessantes, o Guará Vermelho. Também encontramos informações
sobre o Boto Cinza que habita a região do mar de dentro (parte da ilha com
vista ao lado do continente).
Primeiros
Erros
Chegado o
dia, colocamos o planejamento em prática. Chegamos na BR116 por volta de 15h30m
da 6ª. Feira de Carnaval, e.... TUDO PARADO!!! Como nunca havíamos utilizado
essa rodovia antes, não sabíamos que o trecho mais perigoso da BR116, a Serra
do Cafezal estava em obras. Com isso perdemos 3 horas só para atravessar o
trecho em obras (de apenas 7Km de extensão). Dessa forma, fica a dica de antes
de sair por essa rodovia, entre no site http://www.autopistaregis.com.br/ ou
em contato direto com a administradora da Rodovia (0800-7090-116) para se
informar das condições do trecho.
Depois
então de trânsito e estradas complicadas (há um trecho final de estrada simples
e de serra), chegamos à ponte que liga o continente à Ilha Comprida. Você
precisa pagar um pedágio de R$ 4,00 (não há Sem Parar ou qualquer outro
pagamento eletrônico) e chega finalmente na Ilha. Como já se passavam das 20hs
e chovia um pouco, a visibilidade estava prejudicada. Seguimos o caminho do GPS
e.... para nossa surpresa... não havia o número do endereço nos 3 Km do Centro.
Na verdade descobrimos que estávamos muito, mas muito longe do centro. Como essa
frente mar de Ilha Comprida só possui inúmeras construções no centro e, a
medida que você vai se afastando, as construções vão ficando mais “rarefeitas”,
tínhamos sempre a impressão que estávamos no local errado.
Como essa
dúvida só aumentava a medida que afastávamos do centro (já tinha passado 7km),
paramos em uma pousada para pedir informação. O Senhor de lá indicou que faltava
um pouco para chegar, mas, na tentativa de ganhar mais alguns clientes,
ofereceu sua pousada para nós, indicando que a nossa era suja e usou outros
adjetivos para tentar nos fazer mudar de ideia. Não gostamos muito dessa
atitude, mas ficamos grato pela informação de como chegar.
Enfim,
pousada... Uma senhora nos recebeu, indicou que estavam sem conexão com
internet e não conseguiam ver nosso comprovante de depósito e ela não sabia da
nossa chegada. Mas tudo bem, falamos o valor do depósito e o tipo de chalé e
ela já nos encaminhou para o local.
O chalé é
bem simples, mas tranquilo. O fogão era um desses de duas bocas, a geladeira
era grande até e havia algumas panelas e louça para utilizarmos. Havia um
ventilador de chão, mas nem ligamos porque levamos o nosso, desses que você
pode colocar água, e foi bem útil. Como estava tudo escuro, não pudemos
observar mais detalhes do local.
Dia
seguinte, sol. Verificamos melhor o local e notamos que foi muito bem
construído. Há uma grande área rodeada por árvores bem grande e plantadas
simetricamente formando quadrados perfeitos para a área de Camping. Os chalés
também foram bem feitos, todos com forro de madeira, utilizando materiais típicos
de cidades litorâneas. Porém o que notamos é que em algum momento o plano de
negócio original não pode ser mantido, e notamos que há muita carência de
manutenção. Um exemplo é que haviam dois chalés geminados (os nossos também
eram geminados, mas há a possibilidade de se alugar chalés isolados) ao lado do
nosso que estavam circundados por tapumes, já que não podiam ser utilizados,
uma vez que o telhado estava quebrado e provavelmente dentro deles era
inabitável.
Na recepção
é possível ver um local que daria um ótimo restaurante, porém em total desuso
com pintura um pouco gasta e sinais de reformas não finalizadas.
A piscina
que existe no local é pequena, mas haviam crianças se divertindo ali. Como são
74Km de praia, nem perdemos muito tempo com isso. Rs.
Fazendo uma
média com o preço dos demais estabelecimentos, entendemos que estávamos bem
alojados. Mas pensando em que em Caraguatatuba ficamos em um local muito
superior por um preço equivalente (R$ 140,00 - post Caraguatatuba), aí já se vê que há uma precificação
acima do mercado para o local, pois o chalé era realmente simples, para pessoas muito pouco exigentes.
Praias
As areias
da Ilha Comprida são de um cinza escuro, e a água é também escura em vista
disso. Lembra bem a praia de Santos, apesar de somente no centro haver uma
extensão de areia tão grande quanto. Na ponta que estávamos (extremo norte da
ilha) a praia era bem deserta. Havia um quiosque bar e mais nada de estrutura.
Era bacana para ficarmos em meio ao nada, andando bem pouco para isso.
Conforme você vai descendo sentido centro (sul em relação onde estávamos), a praia vai tendo mais gente e do lado direito, há mais construções. Porém há uma faixa entre a estrada e o mar com pequeninas dunas e árvores. Assim o acesso à praia ocorre km a km.
Praia em frente à nossa hospedagem |
Conforme você vai descendo sentido centro (sul em relação onde estávamos), a praia vai tendo mais gente e do lado direito, há mais construções. Porém há uma faixa entre a estrada e o mar com pequeninas dunas e árvores. Assim o acesso à praia ocorre km a km.
No centro
tudo muda de figura. Há muito comércio, transito, e muita pessoa e barraquinhas
na praia. Como era Carnaval, havia até um trio elétrico na praia com “Lambaeróbica”
para o povo mais agitado. Ah sim, e “Lepo Lepo” tocando até no radinho da
barraquinha de batidas.
Descendo mais ao sul ainda, você será obrigado a trafegar pela praia. Sim, em toda extensão norte é proibido, com placas grandes assinalando que não é permitido veículos na praia. Mas no sul você não só é permitido a entrar na praia, como é uma estrada onde até ônibus circulares e intermunicipais circulam. A razão disso é que a ponte que citamos acima foi construída mais recentemente. Antes disso o acesso à ilha era (e ainda existe isso) feito por uma balsa que atravessa o mar do sul da ilha.
Descendo mais ao sul ainda, você será obrigado a trafegar pela praia. Sim, em toda extensão norte é proibido, com placas grandes assinalando que não é permitido veículos na praia. Mas no sul você não só é permitido a entrar na praia, como é uma estrada onde até ônibus circulares e intermunicipais circulam. A razão disso é que a ponte que citamos acima foi construída mais recentemente. Antes disso o acesso à ilha era (e ainda existe isso) feito por uma balsa que atravessa o mar do sul da ilha.
O
interessante é que há um período de maré alta que não dá para circular por esse
caminho, então é bom se manter informado das condições da maré antes de entrar
na praia!
E é por
esse caminho que você consegue chegar nas dunas de Ilha Comprida. Fica há uns 3
Km ao sul de onde você entra na areia. As dunas não são altas e qualquer um
consegue subir e avistar uma paisagem bem bacana.
Seria mais bacana ainda não fosse o total desprezo de algumas pessoas pela preservação do local. Pessoas fazem verdadeiros pique-niques nesse local e acabam deixando muito, mas muito vestígio mesmo. Há lixo espalhado para todo canto. Além disso, como alguns consideram muito divertido andar de carro na praia, há pessoas que exageram e acabam fazendo manobras profissionais próximo de pessoas (como zerinho, cavalo de pau).
Dunas |
Dunas |
Vista de cima das dunas |
Seria mais bacana ainda não fosse o total desprezo de algumas pessoas pela preservação do local. Pessoas fazem verdadeiros pique-niques nesse local e acabam deixando muito, mas muito vestígio mesmo. Há lixo espalhado para todo canto. Além disso, como alguns consideram muito divertido andar de carro na praia, há pessoas que exageram e acabam fazendo manobras profissionais próximo de pessoas (como zerinho, cavalo de pau).
Lixo em frente às dunas (as mesmas das fotos anteriores, cortamos o lixo para verem sem interferência) |
Detalhe do lixo |
Cremos que
a ausência de fiscais, polícia ou mesmo guarda-municipal nesse local pode
favorecer esse tipo de comportamento. Em todo trecho de praia encontramos
somente um salva-vidas logo na entrada da praia, onde há 3 quiosques grandes,
fazendo algum tipo de patrulha. E não avistamos mais nada praia adentro.
Depois de
passearmos pelas dunas, voltamos e ficamos em um dos quiosques que ficam nessa
entrada da praia. Para quem gosta de experimentar produtos locais, não deixem
de provar a Pinga com Cataia (uma erva local). Quase todo bar e quiosque possui
essa bebida típica de Ilha Comprida e Cananéia. O mar lá é como em toda
extensão da ilha, um pouco agitado por ser mar aberto.
Cidade
Ilha
Comprida conta com poucos quiosques de praia fora da região central, existindo
então somente em locais que há algum tipo de aglomeração de pessoas (como em
frente ao nosso chalé, ou na entrada da praia de carro, no sul). Já no centro é
que tudo acontece. Há vários quiosques de todos os tamanhos, além de
barraquinhas (tudo isso na praia). Atravessando a rua há muito comércio e vários
restaurantes. Fomos no Restaurante e Pizzaria O Portuga uma noite. Pedimos
pizza e estava interessante, mas achamos um pouco caro pelo produto oferecido.
Já no almoço fomos sempre no Restaurante e Pizzaria Biritas (todos na Avenida
Beira Mar), que contava com um buffet por Kg (um preço que entendemos também
acima do esperado – R$ 37,00 o Kg).
Já ao
passear pela cidade notamos que fora do centro deve ter havido algum grande
problema com Ilha Comprida. Há muitos imóveis à Venda. Mas muitos mesmo. Também
é possível notar que há outros tantos, que são até grandes, mas estão
abandonados. Ao andar pela Beira Mar, sentido norte, notamos que algumas casas
e até algo que nos disseram ser um restaurante, foi invadido pelas águas do mar
e ruíram. Sim, há ruínas na praia! E casas caindo, literalmente.
Pelo que
nos explicaram, em algum momento o mar chegou a subir muito e acabou com essas
construções. Claro que não sabemos como elas foram autorizadas a serem feitas,
se o local apresentava esse risco...
O que notamos ao certo é que Ilha Comprida é muito plana e, apesar de ser comprida (no sentido Norte – Sul) é bem estreita. É possível de alguns lugares avistar tanto o mar de dentro quanto o mar aberto. E se o aquecimento global e a elevação dos mares for um fato de efeito real, imaginem o que poderia acontecer com essa ilha!!!
Ruínas de um quiosque de praia |
Mais destroços |
O que notamos ao certo é que Ilha Comprida é muito plana e, apesar de ser comprida (no sentido Norte – Sul) é bem estreita. É possível de alguns lugares avistar tanto o mar de dentro quanto o mar aberto. E se o aquecimento global e a elevação dos mares for um fato de efeito real, imaginem o que poderia acontecer com essa ilha!!!
O que
gostamos de fato é que Ilha Comprida, mesmo no Carnaval e com bastante gente,
possui tanta extensão de praia que é possível você curtir um agito e relaxar
somente ao som do mar, andando poucos Km para isso.
Natureza
Aqui fica a
frustração final. Já havíamos descartado tentar avistar o Boto Cinza mesmo
antes de chegar à Ilha. Porém queríamos avistar o Guará Vermelho. Sabíamos que
ele se encontra no Mar de Dentro e estávamos em busca do local de melhor
possibilidade de avistar. Em um certo momento paramos um senhor de bicicleta
para perguntar se ele tinha informações sobre o pássaro. A resposta do senhor
foi desconcertante: “Esse bicho não aparece mais aqui não!”, foi simples, direto
e desconcertante. Segundo ele, que já morava na ilha desde o começo dos anos
80, a fauna local foi totalmente desaparecendo com o aumento de pessoas pela
ilha. Ele que conta que quando chegou era possível avistar grandes números
desse pássaro, hoje, tendo inclusive uma filha bióloga, nota que é quase impossível
vê-lo. Ainda assim tentamos ir no local onde seria o ninhal dos Guarás e a única coisa que havia lá era uma placa dizendo que aquele local era de preservação pois haviam ninhos dos guarás, mas o pássaro que é bom, nem sinal....
Bom, com
esse tipo de informação, acrescido das imagens que postamos acima, do descaso
das pessoas pela Natureza, é de se esperar que o que veremos em breve, em todos
os pontos turísticos, será somente a Natureza Humana....
Conclusão
Ilha
Comprida vale uma visita. Claro desde que não precisem de grandes gastos de
deslocamento só para conhecê-la. Mas vale visitar e conhecer uma ilha que, em
algum momento deve ter sido considerada um paraíso, mas que, com o passar dos
anos teve sua paisagem toda modificada.
Para os
mais interessados, vejam também de explorar um pouco a Cananéia, uma reserva de
mata que possui expedições de barco. E é dessa forma que se avistam os botos
cinza.
Até a
próxima!!!