quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mato Grosso - Chapada dos Guimarães

Essa viagem teve início em Nobres-MT. Para maiores informações, acesse o link: http://umamordeviagem.blogspot.com.br/2013/06/mato-grosso-nobres.html

Na Chapada, ficamos no Camping Oásis, que reservamos com antecedência. O camping é bem simples, mas muito, muito limpo. Os banheiros são limpinhos e o pessoal que fica lá é muito legal. Não é estilo de camping que você vai pra fazer bagunça.... Não.... Eles tem separação do lixo (plástico, vidro e outros), tem um fogão à lenha que pode ser usado por quem está acampado e o Dono, o Sr. Faisal é super legal, com uma consciência sobre o turismo um pouco diferente do comum. Ele nos ajudou bastante. Contato: http://www.campingoasis.com.br/
Chegamos no camping às 19:10h. Estávamos em 4 pessoas no camping apenas, então super tranquilo.... Sem fila para banho, nota 10! Havia um poste de luz na área de camping que ajudou muito na montagem da nossa barraca, sem ele seria mais difícil. Fomos então jantar num restaurante na praça da igreja, chamado Chapada House, onde estava tendo uma música ao vivo.... Pedimos então uma picanha na chapa. O atendimento é excelente. Uma picanha muito bem servida para dois saía a 55 reais. Porém quando chegou o prato, a picanha deixou um pouco a desejar, estava muito dura...
Pôr-do-sol no Cerrado, a caminho da Chapada dos Guimarães

Primeiro Restaurante que pedimos a Picanha!

Vou fazer uma pausa e explicar um pouco sobre como funciona essa Chapada. O sistema aqui é bem diferente da Chapada dos Veadeiros. A maioria dos lugares precisa de guia para entrar. O passeio pode ser feito via agência de turismo (que vai te cobrar o valor do guia mais o adicional dela) ou você pode contratar somente o guia e ir com ele. O guia irá te cobrar o valor do dia dele. Então, não existe a possibilidade de formar grupos para o valor do passeio ser reduzido. A única forma de reduzir um pouco o custo é contratar o guia por fora da agência.

Passaríamos um dia e meio na Chapada. Então, lendo o blog http://mundaodacris.blogspot.com.br/2012/10/marimbondo-e-geladeira-chapada-dos.html, decidimos fazer o roteiro cavernas. Como ela disse, as cavernas são menos "comuns" em outros lugares e com certeza seria algo bem diferente para nós. Quando fechamos o camping, o Faisal nos perguntou qual passeio iríamos fazer e então ele já conseguiu uma guia para nós. Eu havia tentado fazer um contato com algumas guias indicadas pelo pessoal do http://www.viagemfamilia.com/, mas não obtive resposta. Então, foi ótimo o Faisal ter conseguido uma guia para nós, por fora de agência de turismo.

No dia seguinte, às 9h, a guia estava lá no camping para encontrar conosco e ir para à fazenda onde ficam as 3 cavernas: Aroê Jarí, Gruta do Lago azul e Kiogo Brado e também a Cachoeira do Relógio (pois o sol entra nela exatamente ao meio dia).
No caminho passamos pelo Mirante do Centro Geodésico da América do Sul, que segundo eles, é o ponto equidistante dos oceanos Pacífico e Atlântico. Um lugar lindo para fotos. Uma pena o Centro Geodésico não possuir nenhuma marcação, indicação, nada..... Parece uma "tampa de bueiro".... rsrsrrs.

Visão do Mirante

"MARCO" no Mirante Geodésico. Aqui Oceano Pacífico e Atlânticos estão equidisdantes

Na fazenda é cobrada a taxa de 30 reais por pessoa de entrada. Isso porque no mês de maio agora foi aberta a visitação à terceira caverna, a Kiogo Brado, e por isso o valor passou de 20 para 30.
Quando chega-se à fazenda é possível pedir com antecedência um almoço para a volta do passeio das cavernas (antes da cachoeira). O valor do almoço é de 25 reais por pessoa e come-se à vontade. Existe a opção de frango ou peixe e muita salada..... Comidinha bem caseira e gostosa.... Não peçam o prato de peixe, pois o peixe é com muito espinho, muito mesmo.... De dar canseira de comer... Muito desconfortável, ainda mais depois de uma caminhada de 11km... Peçam o frango que é bem melhor.... Ah, e tem frango frito ou no molho!

Bem, a nossa guia foi a Elenice. O valor da diária dela foi 120 reias e ela é simplesmente ótima!!! Uma pantaneira bem porreta de dar orgulho da mulher brasileira! Ela conduziu todo o caminho bem calmamente, explicando e mostrando as plantas e frutos do cerrado, nem foi sofrido andar os 11km.

Entrada paga e almoço reservado, iniciamos a trilha às 10:10h.
Primeira explicação da Guia - Esse é o Urucum!!! Aquele que compramos no supermercado com o singelo nome de "Colorífico"

É dessas sementinhas que saem o pigmento. Os índios usam estas sementes para fazerem suas pinturas no corpo

Olha que visão linda do Cerrado.


No caminho, logo no início, passamos pela Ponte de Pedra. Lugar bem bonito para fotos.
Formação Rochosa na Ponte de Pedra - Tudo isso era mar, há milhões de anos atrás! e parece fundo do mar mesmo né?


Linda Vista a partir da Ponte de Pedra

E cá está a Ponte de Pedra

Vista bem de longe da Ponte de Pedra
Uma aranha bem comum no nosso trajeto

Essa não era comum, mas olha que trabalhadora... Estava começando a montar sua teia

Jatobá - Aqui a guia nos disse para abracá-la e receber toda sua energia!

Uma das muitas belas plantas do cerrado!

A primeira caverna que passamos, a Aroê Jarí  fomos apenas até o primeiro salão (salão do chuveiro), o segundo, que seria o salão dourado não pudemos ir devido ao nível da água dentro da caverna. A entrada de água é constante dentro da caverna. Neste ano de 2013, fomos no início de junho e estava chovendo, num período que deveria ser seca no cerrado. Segundo a guia, quando pára de chover em abril/maio, em agosto/setembro se consegue visitar o salão dourado, mas este ano talvez ela não seque pelo fato de ainda estar chovendo.
A caverna Aroê Jarí é a maior caverna de arenito do Brasil e possui 1,5Km de extensão. Seu nome significa morada das almas, na língua dos índios Bororos, pois era nessa caverna que eles faziam o ritual de "enterro" dos mortos. Dentro dela fica bem escuro e enquanto estamos lá dentro ficamos escutando o barulho da água que cai do teto em alguns pontos da caverna. Em um dos pontos a água cai como um chuveiro mesmo. É uma sensação maravilhosa!
Entrada da Aroe Jari, à esquerda é a passagem para a primeira galeria (Chuveiro)

Visão de Dentro da primeira galeira, olhando para fora

"Chuveiro" natural

Detalhe da entrada para primeira galeria. À direita da foto existem vários rabiscos de turistas vândalos que nos recusamos em mostrar. Isso de uma época que se era possível visitar a fazenda sem guias

Foto para o exterior da caverna. O rastro verde ao chão são musgos e não raio do sol!
Visão da Entrada da Aroe Jari
Esta plantinha nasce em grupos, uma colada a outra. Quando florescem viram um "jardim" dentro do cerrado.
Saindo da caverna Aroê Jarí passamos por um ponto onde houve um desmoronamento há muitos anos atrás, abrindo uma passagem na caverna Aroê Jari. Segundo a guia, esta abertura fica depois do ponto máximo que poderíamos ter ido caso a caverna não estivesse cheia de água. Depois deste ponto falta pouco para a outra entrada da caverna.
Ponto de passagem da caverna Aroe Jari onde houve um desmoronamento. À esquerda está a entrada que fomos visitar, a galeria do chuveiro e a piscina (que não pudemos entrar). À direita a outra abertura da caverna. Segundo a guia chamam isso de "saída", mas na verdade ainda há um bom trecho a se percorrer à direita!
Ainda no caminho da Gruta Azul nos deparamos com a "Pedra de Três Pontas". Por que será?
Pedra de Três Pontas

Logo depois chegamos na Gruta da Lagoa Azul. Ela é simplesmente linda. A água é de um azul estonteante e em alguns pontos chega a uma profundidade de 5m. A gruta é bem pequena e não é permitido banho, apenas contemplação do salão principal. Parece que antigamente era permitido flutuar nesta caverna, mas como as pessoas iam com protetor solar e repelente, eles mataram as algas que existiam no fundo da lagoa, então foi proibida a flutuação. Mas só de ver aquela beleza já é suficiente e infelizmente, na maioria dos casos os turistas conscientes acabam perdendo muitos acessos por causa de pessoas sem nenhuma consciência.
Gruta do Lago Azul - Lado Esquerdo

Gruta do Lago Azul - Lado Direito

Teto da Gruta - um dia despencou um pedaço, mas falaram pra ficar tranquilo que foi há muuuuito tempo atrás...

A guia comentou que ainda era cedo e que o sol entra nesta caverna perto de 14:30hs. Aí mostrei as fotos (acima) e comentei: "Olha, na máquina a lagoa ficou azul!". E a guia respondeu: "Com o sol fica muito mais azul ainda". Então vamos esperar este sol, né Cris? Como ainda era cedo então fomos para a Kiogo Brado e quando fosse 14:30h voltaríamos na Lagoa Azul.

Assim fizemos. Logo ao sairmos da lagoa passamos por outra abertura dela que a guia chamava de Espelho. Muito bonito também, mas lá notamos o motivo de haver a lagoa principal. Foi feito uma espécie de "represa" das águas para aumentar o nível da lagoa. Tudo bem, ficou espetacular o efeito.
Saída lateral da Lagoa Azul
Também passamos por outra "gruta" (bem pequena, no caso). Chama de toca da onça, mas claro que não tem onça alguma. De qualquer forma, na chuva, seria um ótimo lugar para um abrigo! rs.
Toca da Onça

No caminho chegando na Kiogo Brado, a trilha já se modifica, há muitos cipós, um cheiro forte de guano de morcego (como ela foi aberta à visitação recentemente ela ainda possui muitos morcegos e outros animais que ainda não foram embora pela presença do homem).
Proximidades da Caverna Kiogo Brado

A Kiogo Brado é simplesmente maravilhosa.... Não dá vontade de sair de lá! Embora as outras duas sejam lindíssimas, essa foi a que mais nos encantou.... Ela possui 273m de extensão e não possui ramificações, apenas um "tunel", com boa iluminação, não sendo necessário lanternas. Dentro dela, há um riozinho, que atravessa toda a gruta, em alguns momentos ele fica subterrâneo, mas logo volta à superfície. As formações das paredes são lindíssimas. Parecem escamas de peixe. O arenito desta caverna parece ser bem mais frágil, não devendo encostar em nenhum ponto da caverna para evitar a degradação.


Entrada da Caverna Kiogo Brado

Formação Curiosa na Entrada da Caverna
Uma Cobra cipó descançando na entrada da caverna. A guia deu um grito "Olha a cobra!".  A Cris pulou para o lado e eu pensei: "Nossa parece quadrilha de festa junina!..." e nem me mexi.. ainda bem que não era uma cascavel...

Restos mortais de, ao que tudo indica, um morceguinho...

Passagem da Caverna: notem as madeiras à frente, para que não pisemos no guano dos morcegos (respirá-lo não faz nada bem à saúde pois é tóxico)

"Teto" da Caverna. Nessa hora os morcegos ficaram bravos de colocarmos as lanternas neles.

Paredes da Caverna (e uma pequena galeria de águas do passado remoto)

Por onde entramos, visto de dentro

Por onde sairemos! E olha o sol aí!!! Vamos voltar logo para a Lagoa Azul

Saída da caverna vista de fora dela. As paredes laterais são extremamente sensíveis ao toque e virariam areia só de tocá-las,
Saída da Caverna Kiogo Brado. Fantástico!

Em nosso caminho de volta à Gruta me deparei com "veias" nas pedras. Segundo a guia são cupins que criam tuneis nas pedras.

Bem, 14:05h saímos de lá e fomos para a Gruta da Lagoa Azul novamente. Quando foi por volta de 14:20h o sol começou a entrar e realmente ficou lindo...... Tiramos mais algumas fotos e voltamos para o nosso almoço.
Panorâmica da Gruta da Lagoa Azul. O Sol só bate em um trecho e não nela toda. Ao longo do ano muda o local onde o sol bate. E em determinada época do ano o sol nem chega a bater no lago.

Agora sim, muito mais azul!!!

Imagem do Espelho, vendo o sol batendo no lago.
Imagem indo embora da Gruta Lago Azul. Até de longe é possível ver a maravilhosa tonalidade da água

A volta é um pouquinho mais cansativa, pois não ficamos parando.... No caminho pegamos algumas folhas de uma planta específica que a guia nos indicou para tomarmos um banho de descarrego na cachoeira. Chegamos no restaurante às 16h. Comemos uma boa comidinha caseira, com verduras orgânicas e fomos para a Cachoeira do Relógio. Estava bastante frio, mas tomamos o nosso banho de descarrego.... A cachoeira é pequena, mas a força da água dói um pouco.... rsrsrrs. A trilha da cachoeira é bem pequena, ida descida e volta subida.
Esta foto foi a melhor que conseguimos tirar, mas notem a força da água. A equipe da fazenda, no dia anterior, fez uma barreira na saída das águas (não se vê na foto, mas seria à esquerda) o que resultou em uma super gostosa piscina. São praticamente castores esta equipe... rs.

Chegamos de volta ao camping por volta das 18h, com uma chuva forte em boa parte do caminho de volta. Ah, é bom relatar que 18h no Mato Grosso já está noite! O pôr do sol é bem mais cedo.
À noite, a chuvinha fina continuava e fomos então no restaurante popular, indicado pelo Faisal. Comemos novamente uma picanha. Porém, lá era bem mais barato (46 reais para 2 pessoas e muito bem servido) e a picanha era maciazinha..... Uma delícia! Recomendamos. O restaurante é simples, mas a comida é deliciosa! Havia também uma opção de Self-Service por R$ 15,00 por pessoa.

No dia seguinte, tomamos café na padaria na rua do camping. Simples, mas muito gostosa. Partimos então para as visitas às cachoeiras. Como era o dia de volta, precisávamos começar cedo. Não poderíamos deixar de conhecer a Cachoeira Véu de Noiva, cartão postal da Chapada. Porém, ela só é aberta a visitação das 9h às 16:30h. Fomos então na Cachoeira do Marimbondo, que fica dentro de uma propriedade particular, onde é cobrado a entrada de 6 reais por pessoa e não é necessário guia. Com o valor de 6 reais por pessoa é possível se visitar 2 cachoeiras, a do Marimbondo e a Geladeira. Chegamos lá às 8h. No local ainda não possui energia e é um senhor muito simpático que toma conta do local.
Fomos então para a Cachoeira do Marimbondo. A cadelinha que havia no local foi nos acompanhando na trilha. A trilha é bem íngreme e escorregadia, mas curta.
Trecho da trilha. Aqui a água pinga das paredes. Muito bonito mas faz a trilha ficar constantemente escorregadia
Leve repelente (se não for entrar na água, mas se for, vale a pena usar roupas compridas) pois levamos algumas picadas nesta trilha. A queda da cachoeira é de aproximadamente 35m de altura e a vegetação existente na queda, dá um ar bem especial à essa cachoeira.... Ficamos algum tempo admirando. Não entramos pois estava gelado para banho (ainda era cedo).
Cachoeira do Marimbondo

Saída das águas da cachoeira. Que visual!
Saindo de lá fomos direto para o Véu de Noiva. Não paga entrada e não é necessário guia. A trilha, toda de madeira e escadas, possui 1,1Km ida e volta.
Pra não dizer que não falei das flores... No nosso caso: pra não dizer que não entramos no parque...


Plaquina estranha...


Trecho bem tranquilo pra chegar ao ponto de contemplação do Véu da Noiva


Hoje só é permitido a vista superior da cachoeira, pois em 2008 houve um acidente onde uma placa desabou e, com o impacto ao chão, acabou mantando uma pessoa e ferindo outras (mesmo que a placa não tenha caído sobre elas). Nas fotos ainda dá pra ver o ponto mais claro no paredão onde a placa caiu. A cachoeira é linda.... No meio de um paredão dourado, faz juz ao nome: fina e longa, como um véu de noiva.... 86m de queda. Levem repelente. Levamos muitas e doloridas picadas no Véu de Noiva....



Cachoeira Véu da Noiva


Detalhe do trecho que despencou
Foto mais aberta da Cacheira Véu da Noiva

Imagem da Vista que se tem lá de cima. Maravilhoso!
Céu se abrindo para o que seria o dia mais ensolarado do nosso passeio (e o dia de volta, infelizmente)

Chegamos lá às 09:10h e às 9:45h já tínhamos saído para voltar ao camping, desmontar nossa barraca e ir para Cuiabá....
Olhem que céu, e olhem as formações ao fundo. O caminho inicial da Chapada dos Guimarães até Cuiabá é um espetáculo a parte. Viajem com tempo hábil para parar e contemplar o caminho! O local mais lindo é o Portão do Inferno. Parem lá mas cuidado com o trânsito!
Gastamos aproximadamente 1:40h até o aeroporto. No caminho já ligamos para a Express locadora, pois o rapaz havia pedido para ligar com uma hora de antecedência. Chegando lá, estava um rapaz novato que pediu para esperar o outro voltar do almoço... Daí começou a discussão. Como assim esperar voltar do almoço? Temos horário de vôo marcado! O rapaz novato ligou para o outro que ainda teve a petulância de querer nos dar uma bronca e dizer que era pra ter ligado antes...... Nossa..... aí ele viu a fúria em pessoa! Nós ligamos! Dissemos.... Bem, no fim o rapaz veio rápido e tudo ficou resolvido. Mas não aluguem carro com eles, eles são moleques, nada profissionais. É dor de cabeça na certa!

Fim do passeio com gostinho de quero mais.... Precisamos passar mais uns 3 dias na chapada, no mínimo, pra fazer Morro São Jerônimo, Trilha das Cachoeiras, Casa de Pedra, Rio Claro, enfim..... fica pra próxima!

Quando se chega lá que se descobre que existem várias opções de passeio sem guia..... Pela internet a informação é pouca e imprecisa. Mas já deu pra perceber que a região é linda e vale a pena voltar..... Quem sabe numas férias não voltamos e fazemos Guimarães e Pantanal?

Abraços e até a próxima viagem!