quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Bahia - Chapada Diamantina (segunda parte) - Cachoeira da Angélica, Cachoeira da Purificação, Cachoeira de Rodas, Cachoeira do Rio Preto, Cachoeira de Conceição dos Gatos (Hospedagem no Vale do Capão), trajeto Vale do Capão - Mucugê

Dia seguinte, já tínhamos aprendido como funciona o Capão.... Amanhece feito pra te desanimar mas lá pelas 11h, meio dia, o sol abre que é uma beleza!
Essa noite não choveu.... Então levantamos cedo e 9h já estávamos na estrada sentido Vila do Bomba, onde começa a trilha que vai para a Cachoeira Angélica e Cachoeira da Purificação.
Logo depois do local onde você estaciona o carro já é preciso fazer a primeira travessia no Rio para poder seguir a continuação da trilha. Depois de mais alguns metros de trilha outra travessia. Depois uma trilha um pouco maior e depois mais uma travessia. As travessias para nós estava mais tranquila pois estávamos de papete.
Após essa travessia já se chega na Placa do Ibama. Pelo mapa que baixamos do OpenMaps havíamos visto a trilha da Purificação e usando a marcação das atrações que pegamos no site dos Caçadores de Cachoeira, cometemos um grande erro. Apesar do blog que lemos http://esloutreveu.wordpress.com/2010/08/18/chapada-diamantina-de-carro-2-capao/ citar claramente que na placa do Ibama era pra virar para a direita, seguimos a marcação da cachoeira e a Trilha da Purificação (que é seguindo em frente). Assim sendo, andamos por 1 hora ladeira acima até compreendermos que a Trilha da Purificação não leva a Cachoeira da Purificação, e que a marcação da Cachoeira estava errada (levava a uma pedra no alto de um monte).
A saber: essa trilha é o começo da Travessia do Pati (passeio que pode levar 3 dias!!!).


Placa do ICMBio, onde deve-se virar à direita


Fomos, ao menos, recompensados por um magnífico e deslumbrante visual do Vale, já que estávamos muito no alto do monte.

Visual avistado na trilha da purificação
Vista do vale na trlha da Purificação

Descemos então e voltamos à Placa do Ibama (com um saldo de 2 horas perdidas... e um capote da Cris, tadinha) Viramos à direita e iniciamos então a trilha da Angélica. A trilha é tranquila em esforço, mas é preciso pular por sobre algumas pedras em alguns momentos até voltar a uma trilha de terra e, depois de 15 minutos, você avista o poço da Cachoeira da Angélica. A cachoeira em si fica mais escondida no final do poço. Seguem os dados da trilha que salvamos e coordenadas:
Trilha: Google Drive (gpx) / Trilha Wikiloc (precisa cadastro no site para baixar a trilha)

Cachoeira Angélica

Cachoeira Angélica
Demos um belo mergulho, tiramos nossas fotos e seguimos então adiante para buscar a Cachoeira da Purificação. Dessa vez como não tinhamos nenhum embasamento da trilha no GPS penamos muito, mas muito mesmo. Para sair da Angélica você precisa escalar o barranco no mesmo lado que você chegou. Na verdade você precisa se desviar da trilha da Cachoeira da Purificação para chegar na Angélica. Bom, aí você anda alguns metros (uns 100m) até que a trilha acaba no rio, e há (ou pelo menos havia quando fomos) uma cerquinha de arame farpado. Nesse ponto você precisa atravessar o rio e pegar uma outra trilha na outra margem. Para você saber se deu certo saiba que essa trilha avança muitos metros, fazendo curvas para dentro da mata e te distanciando do leito do rio.
Essa trilha também acaba te levando ao leito do rio. Nesse ponto só podemos dizer que você precisa atravessar ao outro lado mas, infelizmente, não poderemos lhes ajudar a chegar na cachoeira, já que nós mesmos não seguimos adiante. Isso porque a trilha descrita por nós acima, nós só a descobrimos na volta. Na ida nós fomos parte pelo leito do rio, escalando pedras e de vez em quando achando uma pequena trilha, que sempre os levava de volta ao rio, alguns poucos metros acima. Dessa forma no nosso ponto de desistência já tinhamos gasto 2 horas de caminhada, escalada, arranhões e até avistamos uma cobra enorme, além de várias aranhas. Com essa avalanche de motivação vimos um pingo de esperança em um grupo de turistas que voltavam da Cachoeira da Purificação guiados por um guia local. Perguntamos ao Guia se a Purificação ainda estava longe e ele se limitou a balbuciar (não chamo aquilo de resposta já que ele mal movimentou o maxilar ou olhou para nós) “Fica aí pra frente”.
Ainda tentamos subir por onde esse pessoal veio, mas a mata se fechou e não tínhamos noção por onde eles passaram. Dessa forma, sem saber quanto ainda faltava e só sabendo que a volta poderia levar outras duas horas, decidimos voltar.
Qual não foi nossa surpresa quando achamos na volta a trilha correta e em 30minutos já estávamos novamente na Cachoeira da Angélica (foi a trilha que relatamos no começo). Nos banhamos novamente, pra tirar todo cançaso do corpo e seguimos de volta ao carro (e dessa vez um capote na penúltima travessia do Fê, sobrou até pro Celular GPS Tracker, rs...).
Aqui cabe uma nota: Nós entendemos que para um Guia é interessante que não haja turistas andando por aí sem serem guiados. Também sabemos os riscos que corremos quando nós optamos por fazer trilhas desacompanhados. O que não entendemos é porque para os guias aqui do Vale do Capão é preferível que alguém se perca, que alguém sofra acidentes, que não haja nenhuma placa de sinalização em nenhum lugar, não exista informação de trechos de terra que atolam, que não exista nenhuma espécie de consideração com o turista que não tem os recursos financeiros necessários para contratação dos serviços dessas pessoas. Se você não tem dinheiro, não pode conhecer seu país?
Enfim, se a trilha é perigosa, creio ser DEVER do ESTADO interditá-la ou IMPEDIR QUE PESSOAS DESACOMPANHADAS a sigam. Por que será que não fazem como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros? Lá você chega, encontra um guia “da vez”, espera juntar 10 pessoas (que é o máximo que um guia pode guiar) e paga R$ 10,00 por pessoa somente, para inteirar a diária do guia de R$ 100,00.
Enfim, desabafamos... Agora continuando... Voltamos então para a Pousada e curtimos o lindo visual do lugar. Descobrimos que na pousada tem uma sauna e um riozinho, simples mas apetitoso, rs. Na parte de trás da pousada tem um paredão com uma linda cachoeira. Decidimos então ficar em um dos espaços com cadeiras do jardim da pusada assistindo, de camarote, o sol se pôr por detrás de um dos paredões que formam o Vale. Lindo, relaxante...


Vista da pousada - esperando o pôr do sol

Fim do dia, aproveitamos para jantar uma última comida da Cida da Pousada, lasanha de abobrinha dessa vez, e um frango com gergelim. Uma delícia. Dia seguinte é dia de partir viagem para Mucugê.
No dia seguinte partimos da pousada antes das nove e seguimos viagem para as Cachoeiras de Rodas e Rio Preto. Seguimos a trilha do Open Maps para a Cachoeira do Rio Preto e deu certinho... Quase 1h pra chegar lá.... Um bom trecho da trilha é acompanhado por um muro, da época dos escravos, vê-se umas “casas”, na verdade paredes de casas da época do garimpo. A trilha não é difícil, mas ela bifurca várias vezes e pegando o caminho errado pode-se sair no rio preto antes de chegar na cachoeira. Na dúvida, pegue à esquerda na bifurcação.


"casa" avistada na trilha para a cachoeira de rodas

No caminho logo de início encontramos com um casal e mais um rapaz e acabamos descendo juntos pra cachoeira do Rio Preto. Quanto mais pessoas, melhor é para encontrar a trilha (são mais olhos para procurar.... rsrrsrs). O casal tinha "adotado" um cachorro que encontraram no primeiro dia que chegaram no Vale do Capão e o cãozinho estava seguindo-os desde então. O cachorro foi junto por toda a trilha, nós o chamávamos de nosso guia.... Enquanto ficamos na cachoeira o cachorro estava lá, deitadinho esperando....


"Nosso guia"

A Cachoeira do Rio Preto não é muito grande, mas tem um poço delicioso pra banho... Ficamos lá mais ou menos 1h nadando e apreciando o lugar.

Cachoeira do Rio Preto
Voltamos todos juntos, mas na volta, ao passar do lado da cachoeira de rodas, que na verdade é uma corredeira gigante, nós decidimos tentar descer até a cachoeira e nossos novos amigos voltaram. Não foi fácil achar a descida pra Rodas.... Não sei se foi pela trilha certa, mas chegamos na dita cuja.... Ela é muito bonita.... Mas não dá pra banho....

Rodas

Acima dela tem umas corredeiras pequenas. Talvez nelas dê pra nadar, mas nós não paramos pois queríamos conhecer ainda a Cachoeira de Conceição dos Gatos.
Trilha para Rodas e Rio Preto: Google Drive / Wikiloc (precisa cadastro no site para baixar a trilha)
Total da trilha: 4h e 4,6Km (ida e volta)

Partimos então para o Vilarejo de Conceição dos Gatos. Dessa vez achamos o lugar com facilidade e era magnífico! Pelo ao menos uma coisa fácil em toda a viagem! 


Morro do Camelo visto na ida do Vale do Capão para Conceição dos Gatos

Já logo no início da estrada que leva para Conceição dos Gatos (após um cemitério bem esquisito), encontramos uma placa dizendo: trilha particular, R$ 2,50 por pessoa. Não pensamos duas vezes e fomos por ela! Em 15min estávamos na parte inferior da cachoeira e em mais 5 na parte superior. A cachoeira também é uma corredeira bem grande e tem um bom poço pra banho... Na parte superior o senhor (Zezão, dono da propriedade), represou um pouco da água e fez um lugar bem bonitinho.... com um bom poço pra banho também (e uma corredeirazinha para hidromassagem). Para se chegar na parte inferior da cacheira é uma descida bem íngreme, escorregadia, mas ele construiu um corrimão e dá pra se chegar com um certo esforço. Passamos umas 2h lá, relaxando.... Primeira cachoeira que achamos fácil! Rsrsrsr....


Cemitério antes de chegar na cachoeira



Parte de baixo da cachoeira de Conceição dos Gatos

Corredeirazinha na parte de cima da cachoeira

Piscina natural com borda infinita (parte superior que o proprietário represou)

Lá no início da trilha, na casa, pode-se encomendar almoço pra volta da cachoeira, tem sucos naturais, e ainda uma pinga com pimenta e mel deliciosa! A pinga custa 20 reais o litro.
O senhor nos disse que mais pra dentro de Conceição dos Gatos tem outra cachoeira, que eles chamam de Cachoeira de baixo, muito bonita.... Mas não dava mais tempo de visitá-la.... Fica pra próxima.

Voltamos para Palmeiras, abastecemos o carro (desnecessário, pois em Guiné tem posto) e pegamos estrada para Mucugê, nosso próximo destino. Podiamos ir pelo asfalto (150Km) ou pela terra (76Km). Nos disseram que a estrada de terra para Mucugê era melhor que a de Palmeira para o Capão... então fomos pela terra... Sábia decisão.... Realmente a estrada é melhor e viemos acompanhando o Parque Nacional, com uma linda vista da Serra do Sincorá ao nosso lado durante toda a viagem, que durou mais de 2h.


Vista da Serra do Sincorá - Estrada Palmeiras-Mucugê









Um comentário:

  1. Eu li o seu texto. Sou nativa do Vale do Capão. Você tem certeza que esse guia era nativo daqui do Vale? Impossível um guia daqui se perder, em um ambiente em que fazem trilhas desde bem antes de nascerem.
    O que costumeiramente acontece por aqui (o que não concordo) é gente de fora vir para cá e se passam por guias, colocando em risco o turista.
    O que todos da comunidade orientam é que o visitante procure por guias na ACV-VC ( Associação de Condutores deVisitantes do Vale do Capão), que são orientados para tal fim.
    Eu sinto muito pela experiência horrorosa que você teve aqui no meu lugar. Isso não é uma frequência. Eu te peço desculpas por isso, pois esse tipo de guia não nos representa aqui.
    Somos uma comunidade humilde, pequena e que gostamos da vida simples. Não desejamos o progresso desenfreado, que desrespeite nossa cultura, nossa história. Por isso o desconforto na estrada, que é assim desde os anos 50.
    Ahhh... Só mais uma coisa: Onde você escreveu "Morro do Camelo visto na ida do Vale do Capão para Conceição dos Gatos", o morro é "MORRÃO". Morro este, que os indígenas que habitaram aqui no passado, acreditavam que os deuses deles viviam lá dentro.
    Um conselho: NUNCA VÁ PARA UMA TRILHA SEM UM GUIA CRENCIADO.

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