sábado, 28 de dezembro de 2013

Bahia - Chapada Diamantina (terceira parte) - Cachoeira do Buracão, Cachoeira do Licuri, Cemitério Bizantino, Poço Encantado, Poço Azul e Lapa do Bode (Hospedagem em Mucugê)

Em Mucugê, ficamos hospedados na Pousada Mucugê, que fica bem no centro da cidade. A pousada é ótima... A área de banho também é com cortina, mas o chuveiro é bom. O quarto espaçoso, muito limpinho e arrumadinho, também tem uma boa piscina e a pousada estava com uma decoração linda de Natal. Aliás, a cidade inteira estava muito enfeitada.... lindo! O quarto possui frigobar e ventilador de teto. Contato da pousada: http://www.pousadamucuge.com.br/


Quarto da Pousada Mucugê

Banheiro

Área de banho


Pela primeira vez na viagem saímos para jantar.... em um restaurante bem próximo da pousada, o Sabor e Arte. Bem mais barato que as refeições na pousada do Capão e com ótima comida. Tem self-service, a R$28,00 por pessoa ou R$34,90 o kilo. Também tem sucos deliciosos e refeição a la carte. Mas como estávamos famintos, fomos de self-service mesmo. Muito bom.....
No dia seguinte havíamos planejado acordar bem cedo e tomar café na pousada na hora que ele inicia (7AM). Fizemos tudo certinho, o problema foi a chuva que caia. Perdemos ainda alguns minutos pensando se valia a pena ir até Ibicoara (onde fica a cachoeira do Buracão) com esse tempo... Decisão final: ir para Ibicoara, chegar na Associação de Guias e lá descobrir se dá ou não para fazer o passeio do Buracão. Se não desse, ao menos já teríamos o contato do guia.
Nota importante a Cachoeira do Buracão fica em Ibicoara em um Parque Municipal chamado Espalhado, onde só se entra com guia de Ibicoara (não pode ser guia de outras cidades, como Mucugê, Lençois, etc).
Bom, na estrada de Mucugê a Ibicoara (80 Km de asfalto) sentimos um relance de esperança, já que a chuva tinha cessado naquele trecho e o sol ameaçava a sair. Porém quando pegamos a BA900 (que leva a Ibicoara), nossa esperança se derreteu em meio a chuva que voltava a cair.
Chegando na cidade de Ibicoara passamos pela rua principal (seguindo a própria estrada) e nela mesmo existem as três associações de guia da cidade: ACVIB, Associação Radical e Bicho do Mato. Como não sabíamos ainda qual era a associação correta, já que seguíamos um relatohttp://www.mochileiros.com/chapada-diamantina-perguntas-e-respostas-t13074-30.html que indicava para pegar o guia direto na associação na praça central da cidade, seguimos adiante até uma praça. Lá entramos em um Centro Cultural, onde nos informaram que as três associações da cidade eram aquelas que havíamos avistado.
Decidimos ir na ACVIB . O guia fica R$ 75,00 e pode conduzir até 8 pessoas (mas confirmem na Associação se o preço se mantém para um grupo desse tamanho, já que estávamos somente em duas pessoas – contato: 77 3413-2048).
Lá nos informaram que com aquele tempo era possível sim fazer o passeio da Cacheira do Buracão, o problema era somente o carro que estávamos, já que ele era baixo e era perigoso “enroscar” na estrada, já que de Ibicoara até o estacionamento da trilha são 30Km de estrada de terra, com trechos bem castigados.
Nesse momento um outro guia entrou na associação e disse que estava bem tranquilo para ir, eles mesmos haviam tapado buracos com enxada e tava ótimo. Com isso decidimos ir, mesmo chovendo. Também nosso guia disse que o maior problema era da portaria do parque em diante (8 Km) e que havia pessoas que cobravam R$ 25,00 para te levar da portaria até o inicio da trilha de moto (ida e volta). Além disso nos disseram que por lá sempre tem alguém para ajudar se você tiver problemas.
Com tanta segurança, seguimos viagem então com nosso guia André a portaria do Parque Municipal do Espalhado, onde fica a Cachoeira do Buracão. Nesse trecho a estrada não estava tão ruim (pra quem já passou apuros no Vale do Capão, parecia asfalto, rs), mas fomos surpreendidos por uma neblina que nos impedia de ver um palmo a nossa frente, e também não conseguimos avistar nada da paisagem do caminho, que nosso guia dizia ser muito bacana.
Bom, na portaria (onde é cobrada uma taxa de R$ 3,00 por pessoa - previsto pra subir pra R$ 6,00 em Janeiro de 2014) nos falaram que teve carro que passou, mas que se desse qualquer problema ele mesmo ajudava (a parte crítica era no começo da trilha). Seguindo em frente o problema todo eram alguns ponto que a estrada estava afundada e com um carro baixo você com certeza empacaria se seguisse o mesmo “sulco”criado pelas 4x4 que passaram ali. Mas nós conseguimos seguir viagem e chegamos ao estacionamento. Ah, no meio do caminho de carro tem até uma travessia pelo Rio Mucugezinho! Fantástico! Você passando de carro em meio as pedras no leito do rio... O guia vai falando os lugares que é melhor passar, já que o rio estava alto devido às chuvas...



Trecho do rio que atravessamos com o carro... Emocionante!!!


Bom, a trilha no iníco é bem plana, tem uma travessia (a pé dessa vez) de rio, mas tem uma madeira e pedras que formam uma ponte um pouco submersa. Bem tranquilo.


Rio que atravessamos a pé

Depois você anda mais 500m no plano, com o rio Espalhado ao seu lado. Desvia um pouco dele e mais 1Km chega na primeira atração. A cachoeira do Buracãozinho.

Cachoeira do Buracãozinho

Cachoeira do Buracãozinho vista de frente

Continuando a trilha chega-se à Cachoeira das Orquídeas. Bela e modesta. É possível se banhar mas deixamos para a volta.

Cachoeira das Orquídeas

Em seguida (creio que 500m e um pouco de decida) você avista uma terceira cachoeira. A Cachoeira do Recanto Verde. Essa sim é magnífica. Acima o Rio Espalhado se divide em 2, um lado vai à cachoeira do Buracão e o outro lado passa pela Cachoeira das Orquídeas e a água segue então dentro das pedras até desaguar nessa Cachoeira do Recanto Verde. Muito linda, um volume imenso de água saindo de dentro de uma rocha!... Não há como entrar nela e não tem poço, já que suas águas entram novamente dentro das pedras para desaguar mais adiante.

Cachoeira do Recanto Verde

Depois desse trecho você termina a trilha só com descidas bem íngremes, com direito a duas escadas de madeira (bem seguras).
O fim da trilha é em um “platô” na entrada do Canion que leva ao Buracão. A partir daí você pode descer no rio (que o guia chamou de poço dos frouxos, que é pra quem não tem coragem de chegar até o Buracão) e tentar subir a correnteza no Canion segurando nas bordas dos rochedos ou ir por cima das águas, na parede do Canion. Escolhemos a segunda opção que parecia ser mais fácil, já que devido ao volume das chuvas a correnteza estava muito forte. É bem legal mas é bom tomar cuidado, já que um ponto ou outro (confesso que são poucos) fica escorregadio. O uso de colete salva-vidas é obrigatório a partir desse trecho.


Poço dos Frouxos
Canion que atravessamos para chegar na Cachoeira do Buracão
Depois de atravessar o Canion (creio que uns 40 ou 50m), você é surpreendido com a magnífica visão da Cachoeira do Buracão (85m). Como fomos em período de chuvas, o volume de água era muito grande, durante a travessia do Canion, parecíamos estar em meio a uma tempestade fortíssima de tanto spray de água (segundo o guia não foi o máximo que ele viu, já que na semana anterior era impossível chegar até a cachoeira de tanta água que tinha no Canion). 
Ah, antes havia uma ponte bem alta, que atravessava de um lado para o outro do canion (o que tivemos que fazer nadando), mas o volume de água ficou tão elevado na semana anterior que levou a ponte..... Imaginem!


Aí está a tão escondida Cachoeira do Buracão e com força total (olha a quantidade de spray formado)

Tiramos algumas fotos e pulamos no poço do buracão. Tentamos nadar e chegar em um ponto bom para tirar umas fotos, mas o poço parecia um mar agitado em meio a tempestade. Uma das “ondas”acertou a Cris em cheio, fazendo ela engolir água. Decidimos então voltar. Até isso estava difícil, já que naquele trecho a correnteza nos puxava para dentro do poço e não para a margem.
Bom, nadamos e chegamos. Voltamos então para o platô pelo Canion e aí sim foi uma maravilha. Como era só seguir a “maré”, você pode ficar boiando de costas e apreciando a paisagem. Muito legal.
Na volta vimos a cachoeira por cima. Deslumbrante. 


Vista do Buracão por cima

Continuamos a trilha de volta e então entramos na Cachoeira das Orquídeas e seguimos até o carro.
Na saída, logo depois da travessia do rio uma S10 tinha atolado em uma subida. Já imaginamos que estaríamos enrascados já que se uma S10 não subiu, imagine nós. Depois de uns 15 minutos de pessoas de outras duas caminhonetes e do nosso carro ajudando, a S10 saiu do atoleiro e subiu. Em seguida foi uma Pajero, seguido de uma Hillux.
O pessoal dos carros então montou uma fila ao lado da subida e encenaram o clássico episódio do Pica-Pau quando ele tenta descer as Cataratas do Niágara em um barril.
Quando passamos (um pouco apreensivos, mas com sucesso) ouvimos um sonoro “woooooooooooooo”. Eheheh... é o pessoal se ajudando a fazer comédia!
O tempo total do passeio (trilha e banho) foi de 3,5 horas (6Km de trilha ida e volta).

Bom, saindo do parque fomos para a Cachoeira do Licuri, recomendada pelo André (ficou mais R$ 50,00 para incluir esse passeio).
Essa cachoeira fica no caminho do Buracão à Ibicoara. É uma propriedade particular e custa R$ 3,00 por pessoa para ir na cachoeira. Segundo o nosso guia, só se pode ir na cachoeira se você estiver com guia. Se não estiver uma pessoa da casa que fica na entrada da tilha tem que te acompanhar (não sei quanto essa pessoa cobraria).
A trilha é bem menor que a do Buracão. Foi 30min de caminhada (1,5 km só de ida). Sem muitos problemas, só no final que há uma descida mais íngrime, mas tranquila.
A Cachoeira do Licuri é bem linda, tem menos volume de água e é um pouco mais baixa que a Cachoeira do Buracão, tendo quase 100m de altura. Ela fica rodeada por uma montanha de pedra que nosso guia jura que já a escalou para cima e para baixo 4 vezes. O poço é bem mais tranquilo e dá pra nadar numa boa. Só não é bem difícil chegar próximo a queda devido a correnteza e a agitação da água.


Cachoeira do Licuri

Depois de nadar um pouco, voltamos na trilha e subimos até a cabeceira da cachoeira. Muito legal apreciar ela lá de cima. Tem uma rocha que parece um parapeito natural. De lá você avista o rio seguindo seu curso no meio do Vale.

Leito do rio seguindo seu curso no Vale

Visual da cabeceira da Cachoeira do Licuri


A paisagem é bem legal de se apreciar, as andorinhas como sempre deram seu show. Magnífico!!!
Total dessa trilha com tempo para banho: 2 horas e 3Km (ida e volta).
Saindo de lá voltamos então sentido Ibicoara. Agora sim, com o tempo limpo (logo quando chegamos na tirlha do Buracão o tempo começou a abrir!!!) pudemos apreciar a bela visão da estrada. A Serra do Sincorá e vários sítios com plantação de café, milho e outras culturas. Uma visão linda, parecia uma pintura.


Um dos muitos muros de pedra que avistamos na Chapada. Esse é em uma casa na volta do Licuri.


Deixamos nosso guia na Associação e pegamos a estrada para Mucugê. Lá chegando procuramos uma pizzaria. Seguindo a indicação que nos deram na recepção do hotel (que confesso eu havia entendido alguma coisa somente), encontramos o famoso cemitério bizantino. Que visão extraordinariamente estranha... muito belo e assustador, pelo menos a noite.


Cemitério Bizantino


Demos meia volta e encontramos o local. Pizza da Garagem. É muito interessante o esquema. Há em torno de 10 sabores, só fazem pizza de 8 pedaços, para comer com a mão usando um pegador descartável. Não há nenhum utensílio tipo garfo, faca. Só taça (para vinho e cerveja). Tinha somente um pizzaiolo que preparava as pizzas na hora, duas atendentes, 5 mesas dentro e duas fora. Mais nada.
A pizza chegou em impressionantes 5 minutos após o pedido. Fantástico. O sabor era bem bacana. Simples mas eficiente!
No sábado acordamos cedo novamente, e quem já estava a nos esperar??? A chuva. Tomamos o café já com mais confiança que o sol apareceria no meio-dia, como estava acontecendo todos os dias. Saímos então rumo ao Poço Encantado, para o qual você pega a estrada asfaltada de Mucugê-Andaraí. Segue 26 Km até pegar outra estrada sentido Itaetê. Essa segunda estrada, que você anda 12Km é A PIOR ESTRADA QUE JÁ HAVÍAMOS PEGADO NA NOSSA VIDA. Até a estrada de terra que atolamos era melhor. Trata-se de uma estrada asfaltada, acho que com asfalto bem ruim e feito sei lá quando e que o governo baiano nunca parece ter dado nenhuma manutenção. Ela tinha mais buraco que asfalto. Sério, e cada panela que se você cai, tchau roda, suspensão, etc.
Levamos quase 1hora para chegar na entrada do Poço Encantado. Daí era só seguir 3,5Km em estrada de terra (que pela primeira vez fiquei feliz em pegar) e pronto. Você estaciona o carro em um grande estacionamento, já é recebido pelo pessoal do lugar (o Guardião do Poço Encantado se chama Miguel) e já se prepara pra descer. O passeio custa R$ 20,00 por pessoa (incluído o guia que te acompanha).
Não precisamos ficar esperando vez, já que éramos o segundo casal que tinha lá. Nos deram uma touca descartável e um capacete com lanterna. Um guia local que desce junto com os visitantes nos explicou que a caverna foi descoberta por um antigo gerente da fazenda (o lugar antigamente era uma grande fazenda) que faleceu aos 94 anos em 2011. Tem um quadro dele no lugar. Descemos então uma escada e depois algumas pedras para entrar na gruta. Muito legal o lugar. Rapidinho você desce 80metros e fica boquiaberto admirando um lindo poço de 60 metros de profundidade e lindamente azul. Tinha um trecho que refletia o teto da caverna, dando a impressão que a luz entrava por debaixo do poço. Muito lindo mesmo o lugar. O Poço Encantado, independentemente de estar chovendo, fica bonito, pois sua água é formada por um lençol freático). De abril a setembro o raio de sol entra no Poço e ele fica ainda mais belo (fotos clássicas dos sites e das agências de turismo da Chapada), mas mesmo sem sol foi lindo!


Entrada do Poço Encantado


Poço Encantado (à esquerda o reflexo do teto)
Formação no Poço Encantado

"Teto" do Poço Encantado


Lá você só pode admirar, já que desde os anos 90 ficou proibido o banho, já que nossa gordura corporal forma uma espécie de tampão no poço, o que compromete o habitat (sim, tem peixe lá dentro, não vimos pois segundo o guia são muito pequenos).
Algum tempo depois, subimos e fomos rumo a uma segunda gruta que tinha propaganda no local: A Lapa do Bode. Ela fica 7 Km do Poço Encantado. 3,5Km de volta na estrada de terra e mais 3,5Km na estrada esburacada (continuando sentido Itaetê).
O Estacionamento da Lapa do Bode fica já em uma curva da estrada, então tomem cuidado ao cruzar a pista. Chegando lá você é recebido pelo Sinaldo, guardião e descobridor/desbravador da Lapa do Bode.
La também é fornecido capacete, porém sem touca descartável. Não é necessário lanterna pois o guia vai com um lampião. Como tinha chovido muito na semana anterior, uma parte da Lapa do Bode estava interditada, então o Sinaldo nos cobrou somente R$ 5,00 por pessoa, ao invés dos R$ 10,00 de um passeio completo (o valor inclui o guia local). Foi o filho dele quem nos guiou.
Você caminha por uns 500m somente até chegar na entrada. No caminho nos mostraram a água que estava saindo da gruta e uma árvore, cujas raízes é possível se avistar de dentro da gruta (no local que estava interditado).


Borboletas no caminho para a gruta, toda a chapada estava cheia de borboletas por todos os lugares, lindo!


Bom, a Lapa do Bode é magnífica. Nós temos pouca experiência em cavernas ou grutas, mas achamos aquela uma das mais legais que já fomos. O guia nos mostrou várias formações de estalactites e estalagmite e algumas que se juntaram. Também contou o tempo que leva para essas formações crescerem: 1mm a cada 10 anos. E que se você toca, atrasa o crescimento em 3 anos!!!
Também nos mostrou alguns restos mortais de bodes, que se escondiam antigamente da chuva no local (por isso o nome da Gruta), mas que provavelmente se perderam e morreram na gruta. O Guardião Sinaldo mapeou toda Lapa (que é enorme) SOZINHO. Muito bom o trabalho dele.


Entrada da Lapa do Bode

Formação no teto da Gruta

Restos mortais dos Bodes

Saída da Gruta

Coluna, formada pelo encontro de um estalactite com um estalagmite

Concha calcificada na rocha, provando que há muitos anos atrás lá foi mar (segundo nosso guia, mar continental, mar raso).

Depois dessa visita descidimos ir ao Poço Azul. Sabíamos de antemão que estaria esverdeado, pelo que conversamos com outras pessoas, mas como já fazia algumas horas que a chuva tinha cessado, achamos que ia ser bem legal. Ainda por cima iríamos chegar no período que o sol batia nas águas do Poço (entre 11AM e 13hs).
Para chegar lá, voltamos pelo buraco com alguns pontos de asfalto que o governo chama de rodovia, sentido estrada Mucugê-Andaraí, de onde viemos. Depois de passar pela entrada do Poço Encantado de novo você segue mais alguns Kilômetros (entre 4 ou 5 Kilometros) até chegar em uma entrada de estrada de terra, a BA898, à direita. Tem uma placa minúscula indicando Poço Azul. Seguimos então por essa estrada de terra que estava até razoável. No caminho olhamos no mapa que havia duas possibilidades de chegar no Poço Azul, íamos pegar a mais longa, mas um moço em uma bicicleta perguntou onde a gente ia. Dissemos que íamos para o Poço Azul, então ele falou pra gente seguir reto, não pegar à direita. E pediu também pra gente dar carona para uma senhora que estava com ele.
Demos a carona e levamos a compra da senhora. No caminho ela contou que essa chuva toda estava uma maravilha. Que eles tinham passado por uma grande seca, que além das plantações, também perderam as criações de animais pela fome. Nesse instante ficamos muito tristes, com nós mesmos, por ficarmos tristes que uma chuva estrague nosso passeio, enquanto toda aquela gente estava mais que comemorando.
Bom, deixamos a senhora, que muito solícita nos disse para seguirmos sempre em frente, até pegarmos um barco a motor que faria a travessia do rio.
Seguimos em frente e nessa estrada você passa por dois “mata-burros”. Nos dois é possível abrir uma porteira à direita, já que sempre há o perigo da madeira do “mata-burro”ceder.
Já na primeira um menino fica na frente da passagem e depois que você passa, ele te pede “um agrado”. Demos algumas moedas e seguimos em frente.
São 20Km até você chegar, literalmente, no leito do rio Paraguassu. Lá um moço em um pequeno barco a motor fica atravessando pessoas e motos. Deixamos o carro na estrada e seguimos para o barco do moço.
Ele mesmo disse para irmos de chinelo, já que iríamos enfiar o pé no rio para entrar no barco.
A travessia foi tranquila. Ele cobrou R$ 5,00 por pessoa, mas só na volta.
Na outra margem basta você subir uma estradazinha que você já chega na portaria do Poço Azul. Na travessia, passaram conosco um guia de Lençois que conduzia duas moças estrangeiras. Ele tinha nos “adotado”e começou a nos explicar tudo como funcionava. Pagamos R$ 15,00 por pessoa para entrar e subimos com ele.
Nesse momento a tristeza. Uns meninos do local controlam o acesso ao Poço. São 12 pessoas que descem por vez e ficam 20 minutos.
Nós teríamos que esperar uma hora e meia para descer... que coisa. E olha que em Licuri um turista tinha mesmo nos falado para ir primeiro no Poço Azul, já que ele tinha esperado 2 horas pra descer. Mas nós realmente achamos que ia ser mais tranquilo, dado a chuva da manhã.
Bom, comemos nossos lanches, mas no local há um restaurante se alguém preferir.
Na espera uma guia de Mucugê que estava trabalhando em Lençois nos disse que os passeios mais legais de Mucugê (pra fazer nessa época) eram a Fumacinha por Cima e Três Barras e Cristais. Ficamos inclinados em no dia seguinte ir pra Fumacinha por cima.
Esperamos e chegou nossa vez. Você tem que tomar uma ducha antes de entrar, vestir coletes e esperar um grupo subir para você descer.
Quando a gente ia começar a descer: CHUVA!!!! Descemos mesmo assim e um funcionário local (muito engraçado o jeito dele falar, mais rápido que locutor de futebol), tentava nos explicar (e a alguns estrangeiros) que era para esperar na boca da entrada. Ficamos lá, esperando o outro grupo sair quando, de repente, vimos o último da fila se debatendo e subindo correndo. Ele tinha tomado uma picada de abelha. O penúltimo cara da fila começou a receber então várias abelhas na sua direção e de repente várias outras desceram e começaram a nos atacar. Só quando a coisa ficou feia mesmo (a Cris inclusive tomou uma picada) é que o funcionário nos deixou descer. Metade do grupo subiu assustado e nós outros descemos rápido ao poço.
Bom, com isso, só nos restava ficar lá, boiando e esperando. Infelizmente esse poço tem ligação com rios subterrâneos (ao contrário do Poço Encantado que só é abastecido pelo lençol freático) e a água estava mesmo turva e verde. Não tinha porque usar snorkel e máscara, já que não se podia ver mais que uns 30cm.


Por onde entraria o sol caso não estivesse chuvendo... rs

Poço azul (esverdeado e turvo pelas chuvas)


Mas deu pra admirar o poço, a gruta. Lá tinha um guia do local, muito gente boa que tira umas fotos animais. Israel. Ele manja muito de foto. Nos ensinou uns truques para tirar fotos nesses locais. E ele também contou que estava feliz com as chuvas, ainda que atrapalhassem o trabalho desse, mas ele podia ver o pai dele indo para a lavoura e conseguindo plantar. Novamente nos veio aquela sensação de vazio...
Bom, ficamos um tempo lá e descidimos subir. Já não tinha mais abelhas, mas nos mandaram subir em extremo silêncio.
Corremos para um abrigo e ficamos esperando a chuva parar. Depois de uns 20 minutos descidimos ir embora com chuva nas costas mesmo. Foi muito difícil descer a estradinha de terra (lama) que levava ao moço do barco, quase caímos várias vezes.
Voltamos então ao carro e seguimos viagem em 20 Km de estrada de terra embaixo de chuva, rezando para não atolar. Conosco tinha dois carros que iam na nossa frente.
Foi tenso. No meio do caminho um dos carros atolou e ajudamos a desatolar. Mas depois de mais de uma hora chegamos no asfalto (aquela estrada esburacada). Assim já não corríamos mais o risco de atolar, mas de quebrar o carro...
Bom, tudo certo... voltamos e fomos procurar um guia na Associação de Condutores de Visitantes de Mucugê (ACVM) para ir na Fumacinha por Cima. Estava fechada e havia um guia na frente. Ele disse que Fumacinha por Cima era impossível ir com nosso carro. Ele não ia de qualquer forma poder nos guiar porque ele tinha passeio para o dia seguinte, mas pediu pra gente voltar mais tarde e conversar com outros guias que estariam ali. Voltamos mais tarde mas estava ainda fechada a associação. Fomos então na Km Viagens e lá nos informaram que havia como fazer Fumacinha por Cima com o carro da agência, mas ficava R$ 150,00 por pessoa. Com nosso carro o dono da agência falou que ficaria R$ 120,00 (o passeio) e que era tranquilo ir com nosso carro mesmo.
Bom, com tudo isso de informação descidimos ter um jantar bem agradável pra compensar todo sofrimento e pensar no dia seguinte.
Fomos no Point da Chapada. Bem bonito o lugar e gostoso. Lá ouvimos um casal se programando para o dia seguinte (estavam em dúvida sobre o Poço Azul), não aguentamos e pedimos licença e desculpas por ouvir a conversa e contamos nosso relato.
Creio que os ajudamos, pois eles preferiram pegar a estrada Mucugê x Palmeiras e ir para a Cachoeira da Fumaça! Muito melhor!!!
Depois do jantar nos animamos novamente e descidimos ir para a Fumacinha por cima no dia seguinte (a gente estava cogitando até ficar na piscina da pousada, olha o nível do stress). O problema é que nós tínhamos perdido hora em meio a tanta conversa com o casal que as duas agências estavam fechadas. Voltamos ao cemitério Bizantino para tirar algumas fotos... Mas ouvimos uns sons estranhos que não nos deixou muito agradáveis em ficar lá.... rsrsrrs....

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